• Com informações do G1 Santos.
Moradores de Mongaguá, no litoral de São Paulo, estão totalmente sem ônibus. Desde o fim da manhã de sexta-feira (27), os carros operados pela Viação Beira Mar, que teve contrato de prestação de serviço encerrado pela administração, não apareceram nas ruas, causando transtorno para quem precisa se deslocar pela cidade.
Na terça-feira (24), um decreto expedido pela prefeitura determinava que a empresa deixasse de atuar imediatamente na cidade. Porém, ela parou de fazer isso justamente um dia após a publicação do Diário Oficial de quinta-feira (26), que dá as regras para a nova permissionária que assumirá, em caráter emergencial de 180 dias, o serviço de transporte na cidade. A ação é prevista para o próximo dia 5 de maio.
Entretanto, a empresa, que atua na cidade há mais de 30 anos, tirou os ônibus que ainda operavam na manhã do dia seguinte. Ultimamente, apenas seis dos 12 carros que ela possui em sua garagem funcionavam, já que o restante estava quebrado. A iniciativa pegou todos de surpresa, e muitos perderam a hora para ir trabalhar.
De acordo com Carlos Augusto de Camargo, quem precisa se deslocar até as divisas com as cidades vizinhas enfrenta dificuldades. “Na sexta-feira, os ônibus pararam de manhã. No sábado, também, até 8h30. Só que no domingo e hoje nenhum ônibus foi visto nas ruas. Só tem as vans alternativas”, relata o morador.
Augusto também afirma que parte dos motoristas que operavam os ônibus em funcionamento ficaram com medo de outros munícipes, que ameaçaram agredi-los por conta da situação. “Pararam de operar porque estão com medo. Estão todos na garagem, mas não saem com os ônibus”, conta.
Para Ana Paula Maza, moradora do bairro Jussara, o transporte alternativo, único em operação na cidade, é ineficaz, já que não aceita cartão transporte e nem oferece gratuidade aos idosos. “Ele não funciona em todos os horários e não passa onde o ônibus passa. Se eu pegar a van para ir para casa, tenho que descer na pista e andar quase 5 km. É difícil”, conta ela, que nesta segunda-feira (30) teve que ir trabalhar à pé.
Procurada pelo G1 para falar sobre a situação, a empresa Beira Mar não respondeu aos questionamentos. Já a Prefeitura de Mongaguá alegou que foram esgotadas as tentativas de sanar os problemas no transporte público do município, o que fez com que houvesse a revogação do decreto de permissão para o transporte coletivo.
A administração reitera que outra empresa será contratada em caráter emergencial, e que deverá estar operando na cidade em até sete dias. Até lá, o transporte municipal de Mongaguá será feito pelas 14 vans alternativas, que suprirão todas as linhas, inclusive área rural, rodando de forma mais intensiva.
Histórico ruim
Desde o ano passado, os 12 mil usuários diários do transporte público de Mongaguá têm enfrentado problemas com a Viação Beira Mar. Em outubro, os motoristas da empresa cruzaram os braços e não saíram da garagem com os ônibus. Eles pediam o pagamento dos vencimentos de setembro daquele ano.
Em fevereiro deste ano, os 56 funcionários da empresa voltaram a paralisar os serviços de transporte na cidade. Na época, eles alegavam que não havia sido feito o pagamento dos vencimentos referente ao mês de janeiro, além de seis funcionários estarem sem registro de sete meses e o fundo de garantia atrasado, em média, há dois anos. A greve, porém, durou apenas 24 horas.
Ainda no fim de fevereiro, os munícipes ficaram novamente sem ônibus. Desta vez, 93% da frota deixou de operar por estar quebrada, o que inviabilizava o serviço na cidade. A situação foi contornada parcialmente, quando pouco mais de metade de frota foi colocada de volta às ruas, até a última sexta-feira.